sábado, 22 de maio de 2021

 

           Carta aos órgãos de informação, no intento de levar aos mesmos uma          consciencialização e reflexão sobre a justiça aplicada, ou, aplicação da mesma.

 

            Como sociedade temos, e este reconhecimento terá que ser o ponto de partida, claramente perdido ao longo do tempo a guerra contra o crime. Alimentamo-lo com as diferenças sociais, criticando-as pela manhã, comemorando-as pela tarde nos milhões que vemos ganhar aqueles 10%, donos dos 90% do dinheiro do Mundo. Oito horas, de trabalho árduo e braçal para alguns ganharem trinta euros, e milhares, ao miúdo que colocou no Youtube dez segundos de vídeo, a equilibrar uma bola de ping-pong no nariz: não ajuda. Fabricamo-la semanalmente com prémios de jogo e lotaria, de setenta milhões, convenientemente minimizados nos segundos, terceiros e enfim, outros premiados, fugindo ao logico repartir social, no caso da sorte de fim monetário. Desculpado no alimentar de uso social, empresarial, que supostamente nos pretendem vender como resultante, no discernir de despreparados alvos á mercê de iluminados bancários, políticos e etc.

Mas, não será esta uma discussão por mais urgente, para este tempo. Nem, infelizmente para o homem social do mesmo, que provadamente confirma o filosofo:                                                                                          …porque o escravo, não quer ser livre, quer ser amo!”

 

        Para a sociedade civil, imprensa, opinião publica, todos enfim á excepção dos intervenientes e suas relações directas, a justiça termina no julgamento, aquando da leitura do acórdão de sentença. E até lá, muito haveria a mudar, e perdoe-se-me talvez a forma simplista; quiçá, popular destes exemplos. Mas, quantas vezes nos perguntamos o porquê, do tanto complicar o por vezes simples.

 

            -Salientado já, e inúmeras vezes por quem de direito: o recurso! Em que a possibilidade do mesmo depende desde logo, dos recursos do arguido. Sabemos que a grande maioria dos presos portugueses, os que me preocupam, são de classe baixa ou muito baixa. Veja-se num simples exercício de comparação, crimes idênticos e neles os resultados penais, entre quem tem defensor publico e subindo depois, acompanhando o nome na praça e o custo do advogado, e constataremos então e tantas vezes por vós focadas, inconcebíveis e incompreensíveis disparidades.

            O arguido pobre, não só não tem poder económico para alimentar a morosa máquina, como, falando popular, que, “pé rapado”, se vai atrever a questionar ou queixar, (salvo raras exepções que chegam a vós), de um advogado a quem não paga, mesmo que o sinta negligente. Ou nem o percebe, como leigo, ouvindo-se nas salas de visita das prisões portuguesas, a mães de reclusos condenados, filhas da solidariedade social, dizerem: -O advogado coitado, fez o que pôde e de “graça”, não lhe paguei nada, mas o juiz… E depois, comparando com o que o dito conseguira e fizera, com casos idênticos, mas bem pagos, no resultado revela-se a verdade.

 

            -Reavaliação do grau de gravidade dos crimes, no âmbito da sociedade actual. Um olhar o crime sob o peso da consequência social. Há o crime de vítima directa, de sangue, a violação, o roubo violento, etc. Deixemo-lo por agora, tomando apenas como exemplo um possível roubo a um estabelecimento comercial, uns milhares de prejuízo, uma família seriamente prejudicada. Observamos a moldura penal, o peso da mesma e nula consequência social. Fundeado no vicio, na miséria, no baixo nível social, realidade a considerar que não o desculpando, antes agravando, pois despido de atenuantes, no quadro actual. E depois, o empresário, de bom nível social que perante a dificuldade em manter alto, o status a que se habituou ou apenas, ao mais ainda que a ambição lhe exige, levando a que a empresa valha mais morta que viva. Endividado, protege o património, transfere dinheiro, esconde-o e declara falência. Constatando-se fraudulenta, aí está ele e o seu advogado caro e de renome no tribunal, e cento e cinquenta empregados no desemprego. Dificuldades, casas que se perdem para os bancos, cursos que os filhos interrompem, divórcios, famílias desfeitas, refugio no vicio, no ócio, miséria, droga e roubo. Consequências sociais de gravidade incomparável, atenuadas perante a justiça pelo caro trabalho do advogado, que o salienta como chefe de família, empresário de histórico até louvável, pilar social e por vezes até, político e autarca. Recorrerá da pena suspensa, requerendo autorização para sair do país, pois abrir outra empresa livre de dividas no Brasil, por exemplo, é o projeto a louvar com os postos de trabalho que irá criar. Até que se esteja nas “tintas”, ou seja hora de repetir a proeza. Ela resulta! Ao vir cá pelo Natal, cruza-se de carro caro com os desempregados que criou e se a prisão tivesse janelas para a rua, nelas veria alguns. Agora bandidos! Ele, foi o empresário que superou lá fora, (quando não, mesmo por cá), as dificuldades e tem agora sucesso de novo.

 

-Primário!? Estatuto a rever! A única coisa que nos diz, de concreto, é que antes não havia sido apanhado, o que, na maioria dos casos, apenas abona a sua capacidade e talento para o crime. Por mais crimes cometidos, a criminoso ele só passa no dia em que for preso. Na véspera, ou ainda era um homem honesto, ou vítima de má-língua. Mas que funciona como atenuante de forma tão, tão leviana, como manipulável. Agravando aquele, que apenas ainda não entendeu que não tem jeito para a coisa, sendo apanhado á primeira, “banana” que roubou, e á segunda, a falta de talento vai-lhe valer o agravamento e pena certa. Beneficiando no outro, a inteligência criminosa.

 

Ora se até aqui não se vê justiça, ou melhor; se vê o como e quanto, ela pode ser manobrável e errónea na avaliação do peso do crime. Leia-se: interpretativa, em linguagem jurídica. Mais ou menos conseguida, para a sociedade, ela acaba no dia em que foi condenado. Esquecendo a sociedade, que é na aplicação da mesma que reside o: fazer justiça. E até hoje e por isso esta carta, procurando deixar a ideia dessa análise, a ninguém, preocupou o acompanhar no tempo a aplicação da mesma. Na sua duração, analise e principalmente condição de cumprimento. Seria quase ofensivo, para lá de ingénuo, constatar diariamente a influência do dinheiro e do poder, no julgar e condenar, e querer ignorar ou sequer considerar, que a mesma influência a que assistimos cá fora, não se faz sentir lá dentro. É que ela pode ser tão efetiva, a cobro dos muros e seu sistema, nas suas condições e privilégios, como é na sociedade no exterior. Corrompendo, subornando, ela permite como constatamos todos os dias, a introdução de droga e na última década, e mais rentável ainda os telemóveis. Tão necessários á continuidade no interior, da gestão das redes de trafico, ou simplesmente o comercio do seu uso. E não considerar sequer que o mesmo se faz sentir nas condições, privilégios, facilidades e duração das penas.  Influenciando por vezes de forma escandalosa o peso das mesmas, que é a aplicação da justiça. Isto, num “mundo” e tempo que a ninguém interessa, ou preocupa já, e, pelos mesmos “muros” protegido, num sistema totalitarista, quase feudal, que vive fechado, para o bem e para o mal, em si mesmo. É ilógico! É cegueira social!

Da mesma forma que se sobrepõe na sociedade, o que significa ao que é, ao entrar numa prisão de condenados é essa a analise a fazer. A começar pela tipologia do crime, poder económico, influencia social ou mesmo política, esta leitura vai direcionar de imediato o recluso referenciado. E dependendo do quadro, vê-lo-emos a gerir o bar, cantinas, enfermarias, a “trabalhar”, muitas vezes ficticiamente, (para relatório), junto de chefias, serviços de assistência social, de educação, mesmo secretarias, logística, equipas de construção civil, oficinas, etc. Dependendo do seu grau de acção, influencia, área em que se movimentava bem cá fora. E ele, vai conseguir bons preços e serviços, intercâmbio de favores, que os relatórios a seu tempo, curto, irão pagar. Situações em que o chamado, “bom comportamento” é inerente e garantido. Bem diferente do esforço para o manter na selva diária, daquilo a que os americanos chamam de “população geral”, e que eu chamaria de “preso comum”. Item convenientemente flexível, sobre, ou sub-valorizado, conforme a importância do preso e sentido da análise. Perguntemos então:

-Como e quem, e principalmente quando, se chega e porquê ao regime semi-aberto? E porque alguns nem o interior dos muros chegam a conhecer?

-Que peso e quem o pode atestar, tem os relatórios para as saídas precárias. (primeiro e passo obrigatório na conquista de uma condicional)

-Que influencia tem nelas o corpo e chefia de guardas. (seus relatórios)

-A direção do estabelecimento prisional.                                         

-O serviço e seus educadores                                                             

-O serviço e seus assistentes                                                              

-A onde assenta a analise para condicional, que atesta e assegura o merecimento da mesma.

 

E porque é tão importante a constante massa reclusa que alimenta a máquina, queixando-se o serviço das condições, do número de efetivos da guarda, dos serviços, das instalações, mas nunca do número de presos. A quem convêm, que não resulte entre muros a recuperação de toxicodependentes, (praticando-se por vezes uma aberrativa e cega distribuição de medicação que a sustem), a reinserção social, as alternativas de pena, etc. Quem são no fundo, os privilegiados e os bodes expiatórios do sistema prisional. Quem fornece, por que mãos e a que preços e como lá chegam, aqueles que ao sistema prestam serviços. Quem os confere!

 

Não tendo naquele sentido, o do valor do que significa e não de quem é, académico conhecimento, (a haver), é no empírico que me fundamento. Já algo distante no tempo, mas que o mesmo infelizmente mantém, mais do que actual, certo, senão certamente agravado. Vivencia, que viu reclusos do serviço de enfermaria, atestar por ser pedido, saídas ao hospital para presença em casamento ou aniversario de familiares. De quem viu, comprar saídas precárias, regime semi-aberto ou aberto, habitação fora de muros, pernoita fora, ou recepção de família por tempo a desejar. Acções de indisciplina e ilegalidade interna, esquecidas e mesmo, crimes pagos e assumidos por outros, voluntaria ou acordadamente consentidos. Marcas, produtos e preços a jeito em bares. Serviços de, e empresas, ligadas directa ou indirectamente a reclusos, que o foram menos tempo do que os contratos assinados.

 

Se a justiça não é justa, nos seus mil pesos e medidas ao julgar, e menos ainda no aplicar e cumprir: de que nos serve? O que diz a, e em que transforma, os que a vivem? Dura, pesada, para uns, facilitada para outros, que efeito pratico tem na recuperação dos que castiga muito, cegamente demais por vezes, ou castiga pouco! A alguns, muito pouco mesmo!

Uma condenação que não é punitiva, não surte efeito. Revela-se o crime compensador, (assim como pagar uma multa, desproporcionalmente baixa para o lucro obtido), e cria-se a reincidência. E uma condenação, que provoca revolta em vez de aceitação, igualmente frustra o efeito pretendido e alimenta a busca pela maior rentabilidade do crime, no futuro. “-Na próxima, se me agarrarem, vai ser por uma coisa em grande. Levo aqui uma boa vida, e deixo a família bem!”

E é para este aplicar real da justiça, que busco deixar a ideia de algum trabalho de analise. Algum levantar do véu que cobre uma realidade, que depois daquela que a esta leva, tornam a justiça que temos na completa destruição de uns, social e por vezes humanamente, e a outros, paga ferias. Que por vezes, até fazem jeito! Resolvem dividas, traz conhecimentos, alarga horizontes criminosos.

Eu, fiz por converter esta destrutiva experiência, num conhecimento que só a mim serve, e numa certeza: a de que, sou um homem bom, que fez coisas más. Mas se o que vemos e ouvimos, como sociedade em geral, nos deixa indignados. Revoltados! A ninguém, ou muito dificilmente alguém, consegue imaginar o que sente, quem vestiu o papel de bode expiatório e pagou em excesso o preço, a que outros, todos os dias o poder e influencia poupa. E são muitos, porque fazem falta e alimentam o sistema.

 

 

      Fiquem bem

Sinceros cumprimentos

          V.D.

 

domingo, 30 de agosto de 2020

     


         Um livro, é muito mais do que apenas palavras escritas!


       Impossível, para quem viu o sonho e a obra destruída pela empresa contratadora de autores, na altura Chiado Editora, permanecer calado, agora, de novo com a Feira do Livro.

      Ver a edição de um livro, reduzida ao capricho e poder económico de quem pode e quer pagar, não só, destrói toda a credibilidade do "Livro", em si, como forma de expressão artística, como destrói as possibilidades àqueles que procuram editar, tendo apenas a seu favor, a qualidade ou não, do seu trabalho.

    Faz do mercado livreiro, uma Feira de Vaidades e faz da arte, qualquer coisa pura e simplesmente lucrativa. Ora, a arte, não se planta, cultiva, constrói ou monta ou sequer se inventa, mas cria-se. E cria-se sempre com parte do seu autor!

     Pagando, assentando o divulgar e o vender, na influencia e poder económico de quem o escreve pagando, e ignorando no acto, o que tenha ou não de qualidade, muito de nada se lança no mercado e nada de muito depois se vende. 

        Perguntemos-mos: em que estamos a transformar o livro? O que vai ficar na historia desta época? 

       Ficará na prateleira, o que compramos ao engano e nada na memoria para lembrar, orgulhar e a que os nossos netos possam chamar de "Clássicos", daqui a duas gerações ou mais.

      Com empresas, (não editoras), como a Chiado, (editora ou books, para fugir aos comentários na net), só ficará papel, em forma de livro capeado, e a fortuna do dono da empresa.                            

                                             SALVEMOS O "LIVRO"

                        A Vulgarização; cria vulgaridade e destrói a qualidade

         Digam não, ao facilitismo do pagar, para transformar qualquer coisa em suposto

                                                                 "LIVRO"

                                              
                                                       





terça-feira, 25 de junho de 2019

Consciências, ...

                                                    

                                     Consciências, ...


         
       Consciência!
       Não a que se tem; ou não, mas a que se sente ou não, de igual modo.
       Consciência esta de que escrevo e que varia de uns para outros, não a sentindo uns sequer, e pesando noutros pelo mesmo acto.
       Pois eu penso, que será talvez  a característica humana que mais difere os homens, uns dos outros. 
       Senão,... dividimos entre nós a moda, comungamos religiões, ideais e até princípios. Podemos ou não, partilhar os mesmos gostos, alimentares, artísticos, desportivos ou mesmo sexuais. Da mesma forma, podemos até com os outros dividir passado, presente e futuro, e mesmo, o mais intimo e pessoal dos objectivos, projecto ou sonho. E até a outra consciência, a que se tem, podemos em conjunto, do mesmo te-la ou não, tendo-a uns e não outros. Mas esta, a que pesa, cada um tem a sua, indivisível, incomparável, intransmissível e de mil pesos diferentes. 
       Que faz parte do carácter, ou da personalidade, sendo sempre difícil perceber o que pertence e a onde. Será verdade! Mas também a sinceridade, a generosidade, a franqueza e a capacidade de amar, tal como a ambição, o egoísmo e a maldade. E todas elas as podemos ter de igual medida uns, que outros, por mais difícil a empreitada de as medir ou comparar.
       O seu peso, o da consciência que pesa em cada um de nós, é algo tão próprio, tão mesmo de cada um, que nem explicá-lo vale a pena. Pois nascida no tal paralelo de carácter e personalidade, perante o acto cometido ela é tão uno e pessoal, como a quem pesa.
        Na canção, diz Rui Veloso, "-Sei de uma camponesa...". Pois eu, sei de uma enfermeira chamada Esperança, mãe de um miúdo de nove anos e casada à dez com o namorado do tempo de escola, e mulher bonita, de trinta e dois anos. E Esperança é feliz! Faz o que gosta e estudou para fazer, e como especializada em doenças mentais, aceitou recentemente um serviço particular em casa de família de posses, para cuidar de doente com trissomia vinte um. Sendo feliz, vê nas dificuldades eminentes ao desemprego recente do marido, o perigar da sua felicidade, sob o peso das despesas e dividas, inerentes ao apartamento por pagar ao banco, e também ao carro, comprado maior na antecipação ao segundo filho, muito desejado e adiado agora. E mais, também um superável mas chato e dispendioso problema correctivo de dentição, do filho que já têm e que vai ter que abandonar o futebol, orgulho do pai e a onde se diz ter futuro. E ela, deixou o trabalho certo na clínica e aquele aceitou, com melhor horário, melhores condições, e principalmente muito melhor salário. Tão bom, que sobre ele a verdade, por não ter como explicar senão mentindo, pelo receio da atitude do esposo perante ela, não lha disse.
      -Quanto ganha a Esperança aqui na clínica? 
      Perguntara-lhe depois de uma consulta ao filho a actual patroa. A que ela respondeu e a senhora, continuou:
      -Você conhece o meu filho! Trabalha aqui há já vários anos e sempre foi muito atenciosa e carinhosa com ele, e sei, que principalmente é muito profissional. E ele, adora-a! E o que lhe vou propor é humano, mas acima de tudo, por favor veja-o como profissional.
       E ela ouviu! E a senhora, mãe do doente e hoje sua patroa, propôs:
       -Tem trinta e seis, mas como vê, a cabeça dele não passa dos sete anos, talvez oito, talvez nove, quem sabe. Mas o seu corpo tem necessidades! Necessidades de homem adulto. Do homem que o corpo é, e que o tornam, por insatisfeitas, instável, infeliz, agressivo, ferindo-se por vezes a ele mesmo. Noutras, a onde e diante de quem for se alivia. No mínimo, como imagina é constrangedor, humilhante. Na verdade é apenas muito triste e ajudá-lo, é um acto de caridade! Fá-lo-ia eu, mas não posso, é óbvio, sou mãe. E antes que me sugira uma profissional da arte, ele não aceita. Na sua cabeça de criança, são pessoas estranhas, fecha-se ou agride-as. Mas você, enfermeira Esperança, eu sei que que ele aceitava. E eu, pago-lhe três vezes mais, e...
       E ela aceitou!
       E profissionalmente uma, duas vezes por semana, como lhe dá o banho ou o obriga a comer quando não quer, ela deita-o, sobe para cima dele e sem ter, ou ter que fingir prazer, dá-lhe a ele o do alivio. Lava-se por baixo, como lava as mãos sempre que lhe cuida as feridas que as quedas fazem, ou a si mesmo faz e despede-se vendo no olhar da patroa a gratidão, regressando à casa que está a ser paga, ao filho já melhor e que vai ser um craque, e ao amado marido, que nada sabe.
     Mas Esperança, já não é feliz!
     Pelo menos como antes! No que lhe pesa na consciência, só ela sabe o quanto se deve à mentira, à traição, ou ao facto de usar o corpo dessa maneira e por ela, ser bem paga. Pois também o valor da verdade, da fidelidade e do respeito por si mesma, a onde nasce essa consciência que pesa, só ela o sabe.
     Como só saberá o peso da dita, o condutor de confiança daquele pequeno empresário, dono de uma pequena fabrica de botões para pronto a vestir. Patrão de quinze pessoas, juntas ali, todos os dias úteis, na luta do dia a dia, colegas e por poucos serem, amigos são todos também. Por isso mesmo, o patrão, pequeno empresário sim, mas de grande coração, -Patrão como aquele não há!,- (se diz por aqueles lados)face à crise no mercado em que trabalha, ele, e seus empregados, em contrariada desonestidade e para não despedir nenhum, e nenhum deixar com a sua família em dificuldades, envergonhando seu falecido pai, envergonhado ele também, dos impostos vem desviando dinheiro e numa conta em nome do condutor, empregado e homem de confiança, o deposita.
        Depositava,... ou depositou até há poucos dias, quando um acidente na fabrica, lhe levou o resto da vida que a idade já empurrava. E já com a morte puxando-lhe os pés, pegou na mão do seu homem de confiança, senão mesmo sócio simbólico, e pediu, -Não deixes que ninguém seja despedido, o dinheiro na tua conta, e de que só nós sabemos, isso o garante! Que ninguém passe fome, que ninguém perca a sua casa!
      Só ele, o condutor, pois à dele faltava semanas, para o banco a tomar por hipoteca sua posse. Os filhos, a doença da mulher, um par de erros e ia perder a casa. Casa que o dinheiro, na conta que até era sua, salvaria, deixando cair o emprego de três, ou quatro, ou mesmo cinco colegas e amigos. 
     Sentado na carrinha de transporte, sua ferramenta de trabalho, olha no final do dia os colegas a sair da fabrica e pergunta-se: em que ocasião pedira a Deus e à vida para ter na mãos o futuro de alguns deles. Sem resposta, nela já sente o peso do que não decidiu ainda.

     Talvez não tenha gostado deste texto. Talvez o incomode e ache de mau gosto. E talvez o veja assim por isso mesmo! Talvez porque depois de o ler, mas sozinho, no silêncio do seu mundo, vestindo na sua, a pele da enfermeira Esperança, se pergunte a si mesmo que peso sentiria, se o sentisse, e porquê? Ou preferindo, o que faria se marido fosse e o soubesse! E no condutor?! Salvaria a sua casa com um dinheiro que não sendo seu, fora desonestamente e pelo mais nobre dos motivos desviado, sacrificando o emprego e talvez certo, a casa dos colegas? 

    Não quero, não faria sentido, que me dissesse o que decidiria e muito menos que peso sentiria. Erros, falhas, todos os temos e fazemos, e mesmo alguns que o são hoje, e não o eram ontem, podem não o ser amanha, sendo-o aqui sem o ser ali, e digo-lhe até uma verdade aprendida e universal, "Reunidas as circunstancias, qualquer homem é capaz de qualquer coisa", agora, viver com o seu peso é o que nos difere uns dos outros, no tempo e no espaço.

     Pois esse, só você o conhece, só você o sente!
     
                     V. D.              
                   6/2019


domingo, 14 de abril de 2019

"...o mais baixo deficit da..."


                                   


                                        “O Mais Baixo Deficit da …”

O Sr. Ministro das finanças, Dr. Mário Centeno foi á televisão e todo orgulhoso do seu trabalho, deu-nos com o mais baixo deficit da historia da Democracia, na cara.
            Bonita vitoria Sr. ministro: “…o mais baixo deficit da historia da Democracia”.
            Ora para que toda a gente entenda, mesmo os mais simples como eu, o meu ponto de vista, claro, não o do Sr. ministro, que se pretende sofisticado, técnico e seletivo. Pois outro tipo mais acessível de linguagem, não ficaria bem a um especialista na matéria, eu, usarei um exemplo, e nele vestirei a primeira pessoa. E eis como vejo a sua vitoria Sr. ministro:

            Sou agora o chefe de família Mário Centeno. Um chefe de família à maneira antiga, a lutar para tirar da crise económica a minha família, que a europa e a crise global, não tendo eu gasto demais, endividado demais e poupado de menos, provocou. E este ano que passou, fiz um brilharete. Como?
            Não paguei ao mecânico, na farmácia e no talho e mais um par de fornecedores, pois outros haverá. O carro da mulher avariou, poupei na revisão e resolve-se para o ano, e também o micro-ondas, que pouca falta faz e há mesmo quem diga que prejudica a saúde. Faltam substituir lâmpadas no candeeiro da sala, podendo-se ler de dia, junto à janela se estiver fosco, e pinga uma torneira na banheira, que um balde pode bem aproveitar para as plantas ou para a sanita. Bimensal, passaram a ser as idas da mulher ao cabeleireiro, ao cinema semestral e o dentista passou a bienal e o ano que passou, foi ano não. Festivais de música, os miúdos tem o yutube, e ferias, com o Algarve cheio de turistas, sufocante, ficámo-nos por Carcavelos que até dizem ser a linha de Cascais, a nova Cote de Azur.
            Os cento e noventa canais passaram a quarenta, para quem só vê uns dez, ou doze, … e para quê internet na rua, havendo, a bem dizer, wi-fi por todo o lado. Aos putos, para que se calassem com a inflação, o salário mínimo, eu sei lá, …aumentei-lhes a semanada. Mas pu-los a contribuir, vulgo a descontar, para a conta da água. Afinal tomam banho…, não!? E às vezes abusam nele. Nada mais justo. E também para a energia, já que passam o dia a ouvir música, ou a jogar e a mandar mensagens nas redes. Ainda pensei numa taxa, digo desconto, sobre o pacote de TV. Mas fica para este ano.
            Eu, até aos jogos do clube no ano que passou, só contra os grandes. Custou-me! Também fiz sacrifícios. Não troquei de carro, por exemplo, apenas de telemóvel. Mas valeu a pena!
            Porque a verdade, é que ao banco até abati uma das dívidas, e fiquei bem visto, pois nunca se sabe se dele vou precisar este ano, tenho umas promessas, digo melhoramentos na casa e viagens prometidas aos miúdos, e quero ver se cumpro qualquer coisita.
            Pronto; …está bem, é verdade, tive a ideia do quarto alugado. Isto é, ou foi, para ser exato, o miúdo enganou-se e bateu-me à porta a perguntar se alugávamos quartos a estudantes, (sabe Sr. ministro, cá no prédio quase toda a gente já o faz), e eu que não sou parvo, lembrei-me do seu exemplo com o turismo e aproveitei. Sem recibo, e a pagar á parte a água e luz. Maravilha; e é verdade que ajudou. Mas confesso que estou preocupado, sabe, …é que falam para aí numas residenciais para estudantes, a bom preço, ali a onde era a feira popular. Invejosos! Não podem ver ninguém a dar-se bem. Sei que entende, e que tem preocupação parecida com o turismo, perdoe-me a pretensão. Mas com a pacificação de certas zonas em conflito, do lado de lá do Mundo, (não que a gente deseje a guerra. Não! Mas se durasse mais um mandato …), e a América latina a espevitar no mercado. Enfim; você diz que não, mas eu sei que está preocupado, e não foi como ao outro, um passarinho que mo disse. Mas sim um hacker meu conhecido.
            E tal como consigo, (eu discípulo, o senhor mestre), em que o povo parece não entender, também a minha família me olha de cara feia. E não fosse o modelo cá em casa, o de Democracia familiar, (e juro que não é nenhuma indireta ao governo), em que cada um é livre de fazer o que quiser, desde que eu deixe, no seu caso, desde que possam, e sinto que não voltaria a ser eleito chefe de família. Não sei o que lhe diga, …cuidado talvez, pois o seu modelo é diferente.

            E dito, ou escrito isto, digo-lhe mais; não é motivo como vê, para andar para aí a se vangloriar, Sr. ministro. Pois não fez mais do que o básico truque de ilusionismo, no caso de economia, movendo o objecto, leia-se dinheiro, e mostrando no processo o que quis, para nos distrair, do que escondeu não querendo que víssemos.
Parece que vimos!
Ou é mau ilusionista das finanças, ou talvez sejamos mais inteligentes do que julgava.
            Gostaria de terminar desejando-lhe sucesso profissional. O que faria, não sentisse eu, que o mesmo me sai do bolso.

                  Bem-haja; longe de nós
                        Cidadão comum
                          Vicente Delmar


sábado, 2 de março de 2019


                     “Os vinte Homens mais Ricos do Mundo, tem entre si                                Um terço do dinheiro  Mundial"                                                                                                                                                         


          “Mais de meio milhão de crianças morre de fome todos os anos em África

           Lia-se na primeira página do jornal do dia, seguro e aberto ao alto pelo pai, de cotovelos apoiados na mesa do pequeno almoço. Diante dele, cinco, quase seis anos de idade, porque com tão pouca ainda, uns meses é tempo, o filho, leva a colher com os cereais à boca e com a outra mão, brinca com oTm. Cansa-se! Desinteressa-se. E distraidamente, pousa no título do jornal os olhos. Demora-se nele, parece refletir e olha pela janela da cozinha para o jardim da casa. 
            -Pai!
            Chama ainda pensativo.
            -Ho, pai! -Chama de novo, mais assertivamente.
            -Diz filhote! Que é? Já terminaste?
            -Não pai, ainda não. Escuta pai: Se uns tem muito, muito. E não precisam de tudo e outros tem pouco, pouquinho e até passam fome. Podiam uns dar aos outros, ficavam todos um bocadinho ricos e ninguém tinha fome.
            O pai fechou o jornal. Dobrou-o, pousando-o na mesa ao lado da chicara de café que terminara de beber. Ficou e silêncio.
            Formado numa das melhores universidades do mundo. E por duas vezes: primeiro em economia, depois em informática. Criador de sete, das dez mais vendidas aplicações informáticas de gestão empresarial, e de duas redes sociais. Habituado a ser interpelado com as mais diversas questões e em sempre fáceis, ficou em silêncio.
            Ouvira o comentário do filho, criança chegada à sua vida já algo tarde, depois do investimento na formação, na carreira, no sucesso, que atingira cedo, mas atrasando o casamento e a vinda do filho. E ficara preocupado. A sinceridade que viu no olhar do filho, incomodara-o e deixara-o, deveras preocupado!

Final poético, idealista, que habita nos corações dos homens bons, que são pobres:

            E esse incomodo, essa preocupação tinha razão de ser. Fora preciso o espelho franco no olhar do seu filho de cinco anos, quase seis, para se olhar ele a si mesmo e se questionar: Como pudera ser tão cego, tão obcecado pelo dinheiro, que não vira o monstro economicista em que se transformara. Pois mudar-se-ia a si mesmo e no que dependesse de si, ajudaria a mudar o mundo. Convertendo tudo o que tinha, ou quase, em acção humanitária. E cada refeição que fizesse chegar a cada criança com fome, cada escola que criasse, seria o seu legado. E não seria pouco, pois segundo a revista Forbes, ele, não só era um, como o mais novo desses vinte “…homens mais ricos do mundo.”

Final real:
           
            E esse incomodo, essa preocupação tinha razão de ser. Imperava tomar mais atenção à educação do filho. Senão, cresceria e com a mania das igualdades e solidariedades, ainda lhe dizimava a fortuna que tantos e tão prematuros cabelos brancos lhe trouxera. Quem sabe!? Adere ao Green Peace e dá tudo para salvar as baleias. E não seria pouco, pois segundo a revista Forbes, ele, não só era um, como o mais novo desses vinte,” …homens mais ricos do mundo.”

        Baseado numa noticia real:   https://www.publico.pt/2019/01/21/economia/noticia/ricos-50-pobres-1858751

    E que o Homem no mundo, deixando-me ficar mal, com diferente realidade chame mentira ao que penso e escrevo neste pequeno texto.

                   V. D.
           
           







domingo, 9 de dezembro de 2018




                A propósito  de presos, guardas, reinserção, homens maus e outros não.


           Fugir para dentro 


     


         Regressa à noite ao pé do muro. Uma caixa de cartão por baixo, um saco cama velho e sujo, e a ele dorme encostado. Há pouco tempo atrás, no portão grande do lado esquerdo, a porta de homem se abriu e Zé Palha sai, um saco de viagem numa mão, e na outra ainda do lado de dentro, a do guarda num cumprimento:
      -Agora juízo Zé; e boa sorte!
     Regressa à noite ao pé do muro!
     Os guardas conhecem-no, cumprimentam-no, trocam frases banais da guarita para o solo. Ex-carrascos de ex-condenado, e o mesmo mundo anos a fio. O mesmo lado!
     Mandam-no embora, dão-lhe conselhos alguns, outros já não. O mundo não o entende. Eles sim! Eles entendem, conhecem o Zé Palha desde que lá entraram para fazer a primeira guarda. Famoso, o Zé Palha.
    Matara um G.N.R. que lhe andava a "comer" a mulher. Apanhou-os no palheiro, descarregou a caçadeira no "bonito"; nela, faltou-lhe a coragem, ou sobrou amor. Morreu o amante, ele, herdou a prisão e a alcunha. Outros tempos, e a guarda em peso no tribunal, vinte cinco anos de prisão lhe valeu. Ela, em feliz comunhão de bens casada, vendeu a quinta, vendeu os filhos, vendeu o cão e fugiu com outro, este, musico na filarmónica. O GNR era casado.
      Na condicional, já contava para aí mais de quinze cumpridos,  parece que alguém que era primo de alguém, que até trabalhava não sei a onde, se viu obrigado a amparar a viúva "corna", e agora, a dar uma palavrinha ao juiz. Isto a pedido dos colegas do amante, inocente, e vitima. E o Zé..., o Zé era perigoso, e para o juiz:
      -Muito cedo! É muito cedo ainda! 
      Depois já ele a não queria. E pequenas vigarices lá dentro, que o próprio dava à morte, o iam livrando. E ali mantendo.
       Vinte e dois, e mais três meses. Não deu mais! Ingratos! Um pontapé no cu e faz-te à vida!
     -E faço o quê? -Perguntou! -Tinha trinta e quatro; tenho cinquenta e seis, quase sete. Faço o quê?
    -Não sei Zé! Aqui não podes ficar, isto não é hotel. Procura ajuda nalguma instituição.
    -Ah! Do estado?
    -Do estado!
    -Como esta?
    -Como esta não; pá! Isto é uma prisão!
    E o Zé foi!
    E o Zé tentou! Arrumou carros na avenida, fez recados pagos na praça, juntou cartão para vender, recebeu sopa quente e solidária, até tirou uma foto para o jornal com um tipo lá da câmara. 
    -Sei lá quem era! Não devia ser importante. Não conseguiu cumprir nada do que prometeu.
      Mas adiante.
      O Zé voltou!
      Cartões por cartões,...e sopa, também lha traziam os amigos que trabalhavam cá fora, nas hortas. Se chovia, dormia na guarita da cancela.
      Hoje, do lado de dentro, há mais historias acerca de como aconteceu, do que tipos presos com a alcunha de China. Com quase sessenta anos. Um feito! Mas a verdade, é que foi apanhado a fugir. Perdão! Digo; a entrar!
       Em equilíbrio, meio cá, meio lá, e uma pequena mochila nas costas. No rosto um sorriso, na mochila, fotos antigas e meia dúzia de guloseimas. Mais para amigos do que para si.
     Mas ó destino; porquê? Porque fazes tu destas coisas? Era um guarda novo. Acabadinho; acabadinho de chegar.
     -Sou eu o Zé! Sou eu sô guarda!
    -Pára! Pára ou disparo!
    -Mas sou eu, o Zé!
    Era tarde para o Zé voltar para trás. Era tarde para o Zé parar. E o Zé mexeu-se, ou melhor, sejamos honestos, precipitou-se para dentro. E entendendo ou não, o entendeu depois, o guarda disparou.
    -Ele meteu a mão ao bolso! -Afirmava.
    E foi verdade, pois dele e ainda a tempo de a deixar cair no chão de terra e ervas, o Zé tirou uma pequena garrafinha de whisky. Prenda para o Pulha, seu grande amigo de,... sei lá, quantos anos já. Que interessa, uma vida, aquela. Com ele, tirando mulher, caso houvesse claro, dividia tudo. Amigo mesmo!
     Ficaria ali, a garrafinha, talvez antes do Natal, os tipos da brigada que lá vão cortar as ervas a encontrem. Há-de-se arranjar maneira de entrar! No bolso, uma harmónica para o Cabeças da cozinha. Nova! Toca bem o "cabrão"! Custara-lhe a esmola de uma estrangeira, mas um amigo na cozinha, faz sempre jeito.
     Estendido na maca da enfermaria, está o Zé Palha. Está lá dentro! Está morto! E diante dele, acordado à pressa a meio da noite, o faxina da enfermaria, ou seria o ajudante do enfermeiro; dá igual, embora este até parece que o fora cá fora. Enfermeiro; não faxina, e preso também por homicídio, com vinte e três para cumprir, quase todos ainda pela frente, e com ele, um guarda com os mesmos, mais ou menos, de profissão e de casa, comentam:
       -Que maneira mais estúpida de morrer! A entrar por vontade própria para a "cana"! 
       Diz o preso.
       -Pelo menos morreu em casa! -Assentou o guarda.
       -Se queria ser preso, porque não cometeu um crime. Ora bolas!
       -Se calhar, porque era um homem bom e honesto,...não te parece!?

                 V. D.
             03/18

        

sábado, 20 de janeiro de 2018

A CHIADO E O SONHO QUEIMADO


                         

Não perdoes Fernando Pessoa, pois sabem o que fazem!!

         

            Autores descontentes da Chiado

Abarco neste texto, todos os autores que estão comigo no descontentamento em relação à Chiado. E todos os outros, que não estando ainda connosco, o estão também.

      Não os acuso de nada! Não posso! Não quero!
      Relato factos, digo o que penso, digo o que sinto; nunca deixando este de ser um blog de opinião. Para quem o ler e não for autor da Chiado, eu começo por afirmar:
      Tudo o que digo, o que escrevo é verdade!
      Para os que comigo repartem o azar de a eles estarem, ou ter estado ligados, (99%, pelo menos), as semelhanças ao processo de cada um, provam a verdade no que escrevo.
      Analisar aqui o factor legal, começando por definir o que é editar um livro, e o quanto, o disponibilizar num site, por encomenda, com data de entrega em prazo que vai do perder de vista, ao talvez enviem. Ou que, um processo de edição, atropelado na ordem dos factores, despido de divulgação ou qualquer apoio, e que, uma obra literária, paginada, capeada, não revista, nem sujeita à critica, sendo às livrarias apresentada, possivelmente por email, em pacotes de dez, doze ou catorze; possa ser considerado editar. Não o seria aqui, fazer essa analise, oportuno ou prudente.
      Talvez a seu tempo, seria bom que não, não vendo eu como, num lugar mais privado; perdoem-me os outros, discutiremos esse lado. O jurídico!
      Aqui, agora, a mensagem que pretendo continuar a levar ao "advogado dos pobres", a imprensa, a comunicação social, vai noutro sentido. E isto; na grande vantagem deste "advogado", a de, trabalhando publico, pois é publico que se pretende que seja, sem acordo de confidencialidade ou segredo de justiça, só com a verdade poder trabalhar.
      Aqui, agora, falo do factor humano! Do sonho prometido e friamente destruído. Do trabalho dos autores, quatro anos no meu caso, em horas pós laboral, roubadas à família, aos amigos e a nós mesmos, atrás de um projecto, do sonho. Eu falo do talento perdido que pode, e há, porque eu já o li! E se, o saber escrever, depende de uma resposta que a Chiado precisamente me nega, saber ler eu sei. Com esse talento, com esses autores queimados à nascença, com essas obras de morte anunciada; quem se preocupa?
      Pois é, cá estão eles, os três macaquinhos que inventaram o politicamente correto. Ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém falou!

      Temos as livrarias, que põem imediatamente de lado tudo o que chega da Chiado, indiferentes ao valor que possa ter. Dizem faltar-lhes opinião, crítica, enfim referências. E depois, livros com erros, tem esse "mau feitio", o de trazer queixas, devoluções, perda de clientes. Ficam assim assistindo a pedidos, encomendas não satisfeitas, sem grande empenho, passando a obra a esgotada. Pessoalmente, três vezes em sete meses, estrategicamente, logo após lançamento, a seguir à feira do livro, e assim que surgiram opiniões. -Pergunte ao seu editor quantos livros tem impressos? Se há pedidos, e não são satisfeitos; para nós está esgotado. -Escutei ao balcão da Bertrand. E não é que faz sentido!
     E o livro, mal nasceu, sem culpa pode ter um erro ou dois ou ser "perfeitinho", bom mesmo, quem sabe, e antes de gatinhar, nascido sozinho sem a ajuda da Chiado, que não convida ninguém, não o apresenta a ninguém e no mal anunciado baptizado, fala de si, madrinha vaidosa, em vez do afilhado. E já leva com o primeiro balde de cal! Levado ao júri da máquina registadora a nu, sem adereço, argumento, elogio que o defenda, ostentando mau nome de fábrica, é ignorado. P`ró lado! Para a fabrica, o nome desta forma associado, em nada incomoda. Afinal, não vai a lado nenhum!

     Às outras editoras, é-lhes indiferente que se possa perder cultura, talento assim. Estarão elas isentas de culpa? Fechando-se a novos autores, fazendo umas um concurso publico anual, a maioria nem isso. Não terão elas cavado o terreno para que a Chiado, e sabe-se lá quem mais, plantarem a sua horta. E que horta!? Com meses de cento e muitos lançamentos, a dois mil por cabeça, desculpem; por autor, vender para quê?

A SPA a quem antecipo um pedido de desculpas, se não for justo, e algo já tenham feito ou pretendam fazer, pois que, escutando: -Há pois! Na Chiado é complicado. O Sr. não é o primeiro autor a ter problemas. -pois pudera! Digo eu. Demonstra conhecimento, e como tal, eu algo esperar, de quem sempre escutei, que se pretende ser a maior defensora dos autores. Embora ao que parece, para toda esta gente, arte, talento, cultura, é apenas um modo de ganhar a vida. Daí, talvez no mínimo, um protesto publico pela  utilização por esta empresa, da imagem de Fernando Pessoa. Não perdoes Fernando, porque sabem bem o que fazem! Muito bem escolhida por sinal, inteligentemente. Até porque, e tenho que o reconhecer. Há ali gente com talento!
     O nosso contrato, é disso prova. Há talento! Como não vendemos, não será para editar livros; mas que o há, há!

         O Sr. que respondeu em trinta e seis horas, ( e olha que tinha dez dias), que as tinha passado colado ao original, e nele via grande potencial. Bem escrito! Que depois de muita insistência, aceitou reunir, e de mão estendida, a mim e a minha mulher recebeu com um sorriso. -Tive a sorte de ser seu editor! -Que viajado o Sr., tinha chegado havia pouco do Brasil, e que mais do que o português, (e veja-se que este seria, todos os países de língua oficial portuguesa), via no brasileiro um grande mercado para a obra, e blá, blá, blá, wiskas saquetas. E eu, ingénuo talvez. Pois é, ingénuo, cego pelo sonho, e algo vaidoso, mergulhado na talentosa massagem em que o meu ego se regalava, nada li no exagero do blá, blá, blá, e só escutei o Wiskas saquetas. Talento é talento!
        Faltou ali talvez, digo eu, alguma inteligência, pois começando pela errada classificação de biografia, muito embora claramente baseado em experiência real, está longe de o ser, no sentido em que falamos. Todos afinal o são! Mas o Sr. assim o classificou, e dessa forma, o testemunho de um colega prova hoje, o que cedo comecei a sentir. Que na altura, o Sr., funcionário da Chiado, se do livro algo leu, deve ter sido o titulo. Pois teria nele lido, e os que já me homenagearam com a sua leitura, (sempre grato), mais facilmente entenderão, que não se adivinhava no autor, alguém que facilmente desiste de lutar pelo que acredita. E sabendo a realidade que tinha para oferecer, ter-me-ia dito que não!
        Mas para ele, na falta de uns, outros valores falaram mais alto. E eu acreditei quando me considerou escritor. Na necessidade pessoal e própria de certificar a obra, de porta em porta batendo, sei que sou. Como sei que entre nós a maioria o é. O que valemos? Isso é o que a Chiado nos deve!

       Transformando o sonho, que característicos de gente de bem, crédulos pagámos nós mesmos para o destruir, no pior pesadelo de um autor. O nunca vir a saber o valor do que criou.

     Esse valor, essa resposta deve-nos também as livrarias. Deve-nos o mundo editorial. Apertado, às cotoveladas uns aos outros no curto mercado, queixando-se mesmo do espaço roubado pela Chiado, se algum rouba na pratica, e por eles tornado efémero, quando nele só vêem o lucro rápido, do livro do primeiro, sobre o segundo escrito pelo terceiro, de fuxiquices politicas, vermelho desgraça ou rosa socialite, com certificado de popularidade, em biografias curtas de vida por todos conhecida, todos iguais, "parecidos" ou "semelhantes", trocada a ordem das receitas ou conselhos nutricionais, do tipo pudim de pacote, instantâneo,  rápido de fazer mais rápido de consumir, sem risco e escritos por gente bonita, saudável e elegante, que sabe certamente comer e usar o Word.
       E na fogueira pública com lenha paga por nós, em que a Chiado queima obras e autores, não ocorreu a ninguém se perguntar, que possível talento se está a queimar.
        Acabo como comecei, repetindo, que não acuso a Chiado de nada. Conto o que vivi e vivo, numa relação com a empresa do tipo, em que um, apanha o outro a traí-lo, viu com os próprios olhos e o outro sabe, mas nega. Em que tudo o que escrevi aqui sobre o que penso, julgava ser, me foi dito  e sei, já tive a malograda oportunidade de o dizer  directamente ao Sr. director comercial da Chiado, e cuja vossa experiência colegas, confirma.
      Até porque, e este é o "Admirável Mundo Novo", do nosso tempo, possivelmente para eles, deveríamos estar gratos. Enquanto outros nem nos quiseram ler, eles nem precisaram. Se outros exigiam qualidade, para eles o Word bastou. Paginaram, capearam, proporcionaram um tempinho  no tão visitado e concorrido facebook da empresa. Pedido ao site, se for enviado, dez dias na mesma cidade, (mais, e a culpa é das livrarias). E até temos uma pagina no site, para acreditar no que não vendemos. E tudo isto seja editar, e eu,... eu esteja apenas a ser ingrato?

     Só a divulgação da verdade o poderá esclarecer. E esse é o apelo, o pedido, que fazemos a todos aqueles que trabalhando no quarto poder, tendo na pena, na voz ou na imagem uma arma e na verdade e justiça o objectivo, nos ajudem. E a esses sim, sou e serei sem duvida alguma grato.

 O nosso mais sincero obrigado à Jornalista Rita Pinto Coelho (sapo24).
    pelo artigo de 08 Janeiro 2018 "O Homem Sonha, a Chiado Editora Publica e a Obra Nasce"

      
           V.D.
   
  http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/o-homem-sonha-a-chiado-editora-publica-e-a-obra-nasce

                "Para que os maus vençam, basta que os bons nada façam"

    E que todos aqueles, que lida esta frase, acenem com a cabeça proferido; "...grande verdade..., e depois voltem a por as mãos nas algibeiras, saibam, que a acontecer o dia, em que vitimas dessa grande verdade sejam, comigo querendo, podem contar.  V. D.

                 

     













domingo, 19 de novembro de 2017

Cultivadores de Esperança

   Porque algures do lado de lá Mundo, um estadista ameaça com a guerra o outro lado. Porque escondendo com a falsa fé, homens decapitam outros em nome de um Deus. Porque há crianças com fome, abusadas física e sexualmente em troca de uma refeição. Porque escravizados, homens são a outros vendidos, usados e explorados. Porque numa viela, algures ao nosso lado, a vida de alguém se esvai em sangue, para que outro alguém enriqueça com um órgão roubado. Porque,...
   Porque há momentos em que no nosso semelhante só vemos a bestialidade!
   Porque, o mal existe!
   E a esperança em nós mesmos, precisa de homens com a coragem de dizer não.
   Não me rendo enquanto houver inocência e sorriso no rosto de uma criança. E cultivadores de Esperança, nos recebem, e sem rótulos, títulos ou preconceitos os frutos da sua missão connosco dividem.
  Porque sendo estes homens tão raros. Quando a vida nos presentei com a sua amizade e o privilégio do seu ser; no sentir e no pensar, nos fazendo melhores seres humanos. Esquecemos nossas feridas sociais, medos, raiva e revolta, e como a criança, que recebe no Natal a prenda que apenas se atreveu a desejar em silêncio, corremos a mostrar-la ao mundo.


 Eu, com muito orgulho, apresento-vos o meu amigo Raul Tomé, durante a apresentação do meu livro no dia 11 de Novembro na FNAC. Com amizade pelo meu amigo, com respeito pelo homem, admiração pelo escritor e grato, grato, pelo fruto de esperança.
   Aquele abraço Raul!
   
 

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               Carta aos órgãos de informação, no intento de levar aos mesmos uma           consciencialização e reflexão sobre a justiça ap...

Não esquecer