quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Covardia para matar

      Há um tempo atrás, escrevi um texto sobre o medo. Em como bom conselheiro ele é, obrigando-nos ao consciente alerta, à previdência e à oportunidade para que a coragem o supere, domine, e o homem possa agir. Ganhando a coragem sentido, apenas quando supera o medo, no domínio, na segurança e inteligência de actuar, ela prova-nos, que não é no irresponsável, quiçá, louco  ignorar o medo que ela reside, mas na sua superação.                                                           
      Não confundir com covardia! Essa tolhe, embrutece, estupidifica.
       E sobre essa, vou-vos contar uma pequena história. 


                                     Cheio de coragem covarde 


       Um ladrãozinho de estendais, rádios de automóvel, um descuido aqui outro ali e agarrado ao vicio, primário e condenado a três anos e meio de prisão, entra numa cadeia de condenados e calha-lhe a dividir a cela com um "maduro". O dito, a um terço do fim da pena máxima, homicida, em serie diziam alguns, pois matara já por duas vezes do lado de fora, e do outro, o ultimo colega de cela aparecera morto.

      Dito assim, face a este quadro e com três metros por dois para dividir, qual deles o homem mais perigoso? É ridícula a pergunta; de óbvia.                                                                Quando soube, quem lhe calhara em sorte, o ladrãozinho gelou. Ainda por cima de fraca figura, perdera para cada grama de heroína, cem de peso, quando viu os cem quilos de assassino; se gelara antes, agora molhava as cuecas.                                                             Aterrorizado, vivia encostado às paredes e o pouco que comia, cagava fininho. Não dormia, transpirava frio de noite; falava sozinho. Deste modo, se passaram cinco dias de coabitação forçada. Sete da manhã e o guarda abre a porta  da cela e um deles está morto.                                                                                                
        Pois é! Isso mesmo!                                                                                                       
        O ladrãozinho, em pânico e desvario, encurralado em si mesmo no corredor do medo, o assassino surpreendeu a dormir, e matou-o.                                                                          
         O outro morreu, poupou anos de prisão. O ladrãozinho herdou-os. De vez enquanto, perde-se e junta mais uns anos. Um "filho da cana". Dizem do lado de lá que é louco, fraca figura, não conhece o medo.                                                                                                    
         Se estiver vivo, deve lá estar ainda. É agora o homem perigoso da cela, que dorme com um olho aberto, à espera do covarde que o há de matar.
      V.D.                                   

O medo, a culpa e o arrependimento, o homem e o crime, e o poder absoluto sobre a vida de outro homem que ao 
juiz a justiça concede, para que, talvez até citando a bíblia, a aplique. Numa sociedade de conveniências em que o crime e a pena, dependem do estatuto e poder económico de quem o comete, perguntemos-nos: quem são os homens que estão atrás dos muros da prisão? Quem são os maus, da nossa sociedade?🙈🙉🙊



  " Porque há quem mate sorrindo,
e quem roube chorando"

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