domingo, 9 de dezembro de 2018




                A propósito  de presos, guardas, reinserção, homens maus e outros não.


           Fugir para dentro 


     


         Regressa à noite ao pé do muro. Uma caixa de cartão por baixo, um saco cama velho e sujo, e a ele dorme encostado. Há pouco tempo atrás, no portão grande do lado esquerdo, a porta de homem se abriu e Zé Palha sai, um saco de viagem numa mão, e na outra ainda do lado de dentro, a do guarda num cumprimento:
      -Agora juízo Zé; e boa sorte!
     Regressa à noite ao pé do muro!
     Os guardas conhecem-no, cumprimentam-no, trocam frases banais da guarita para o solo. Ex-carrascos de ex-condenado, e o mesmo mundo anos a fio. O mesmo lado!
     Mandam-no embora, dão-lhe conselhos alguns, outros já não. O mundo não o entende. Eles sim! Eles entendem, conhecem o Zé Palha desde que lá entraram para fazer a primeira guarda. Famoso, o Zé Palha.
    Matara um G.N.R. que lhe andava a "comer" a mulher. Apanhou-os no palheiro, descarregou a caçadeira no "bonito"; nela, faltou-lhe a coragem, ou sobrou amor. Morreu o amante, ele, herdou a prisão e a alcunha. Outros tempos, e a guarda em peso no tribunal, vinte cinco anos de prisão lhe valeu. Ela, em feliz comunhão de bens casada, vendeu a quinta, vendeu os filhos, vendeu o cão e fugiu com outro, este, musico na filarmónica. O GNR era casado.
      Na condicional, já contava para aí mais de quinze cumpridos,  parece que alguém que era primo de alguém, que até trabalhava não sei a onde, se viu obrigado a amparar a viúva "corna", e agora, a dar uma palavrinha ao juiz. Isto a pedido dos colegas do amante, inocente, e vitima. E o Zé..., o Zé era perigoso, e para o juiz:
      -Muito cedo! É muito cedo ainda! 
      Depois já ele a não queria. E pequenas vigarices lá dentro, que o próprio dava à morte, o iam livrando. E ali mantendo.
       Vinte e dois, e mais três meses. Não deu mais! Ingratos! Um pontapé no cu e faz-te à vida!
     -E faço o quê? -Perguntou! -Tinha trinta e quatro; tenho cinquenta e seis, quase sete. Faço o quê?
    -Não sei Zé! Aqui não podes ficar, isto não é hotel. Procura ajuda nalguma instituição.
    -Ah! Do estado?
    -Do estado!
    -Como esta?
    -Como esta não; pá! Isto é uma prisão!
    E o Zé foi!
    E o Zé tentou! Arrumou carros na avenida, fez recados pagos na praça, juntou cartão para vender, recebeu sopa quente e solidária, até tirou uma foto para o jornal com um tipo lá da câmara. 
    -Sei lá quem era! Não devia ser importante. Não conseguiu cumprir nada do que prometeu.
      Mas adiante.
      O Zé voltou!
      Cartões por cartões,...e sopa, também lha traziam os amigos que trabalhavam cá fora, nas hortas. Se chovia, dormia na guarita da cancela.
      Hoje, do lado de dentro, há mais historias acerca de como aconteceu, do que tipos presos com a alcunha de China. Com quase sessenta anos. Um feito! Mas a verdade, é que foi apanhado a fugir. Perdão! Digo; a entrar!
       Em equilíbrio, meio cá, meio lá, e uma pequena mochila nas costas. No rosto um sorriso, na mochila, fotos antigas e meia dúzia de guloseimas. Mais para amigos do que para si.
     Mas ó destino; porquê? Porque fazes tu destas coisas? Era um guarda novo. Acabadinho; acabadinho de chegar.
     -Sou eu o Zé! Sou eu sô guarda!
    -Pára! Pára ou disparo!
    -Mas sou eu, o Zé!
    Era tarde para o Zé voltar para trás. Era tarde para o Zé parar. E o Zé mexeu-se, ou melhor, sejamos honestos, precipitou-se para dentro. E entendendo ou não, o entendeu depois, o guarda disparou.
    -Ele meteu a mão ao bolso! -Afirmava.
    E foi verdade, pois dele e ainda a tempo de a deixar cair no chão de terra e ervas, o Zé tirou uma pequena garrafinha de whisky. Prenda para o Pulha, seu grande amigo de,... sei lá, quantos anos já. Que interessa, uma vida, aquela. Com ele, tirando mulher, caso houvesse claro, dividia tudo. Amigo mesmo!
     Ficaria ali, a garrafinha, talvez antes do Natal, os tipos da brigada que lá vão cortar as ervas a encontrem. Há-de-se arranjar maneira de entrar! No bolso, uma harmónica para o Cabeças da cozinha. Nova! Toca bem o "cabrão"! Custara-lhe a esmola de uma estrangeira, mas um amigo na cozinha, faz sempre jeito.
     Estendido na maca da enfermaria, está o Zé Palha. Está lá dentro! Está morto! E diante dele, acordado à pressa a meio da noite, o faxina da enfermaria, ou seria o ajudante do enfermeiro; dá igual, embora este até parece que o fora cá fora. Enfermeiro; não faxina, e preso também por homicídio, com vinte e três para cumprir, quase todos ainda pela frente, e com ele, um guarda com os mesmos, mais ou menos, de profissão e de casa, comentam:
       -Que maneira mais estúpida de morrer! A entrar por vontade própria para a "cana"! 
       Diz o preso.
       -Pelo menos morreu em casa! -Assentou o guarda.
       -Se queria ser preso, porque não cometeu um crime. Ora bolas!
       -Se calhar, porque era um homem bom e honesto,...não te parece!?

                 V. D.
             03/18

        

sábado, 20 de janeiro de 2018

A CHIADO E O SONHO QUEIMADO


                         

Não perdoes Fernando Pessoa, pois sabem o que fazem!!

         

            Autores descontentes da Chiado

Abarco neste texto, todos os autores que estão comigo no descontentamento em relação à Chiado. E todos os outros, que não estando ainda connosco, o estão também.

      Não os acuso de nada! Não posso! Não quero!
      Relato factos, digo o que penso, digo o que sinto; nunca deixando este de ser um blog de opinião. Para quem o ler e não for autor da Chiado, eu começo por afirmar:
      Tudo o que digo, o que escrevo é verdade!
      Para os que comigo repartem o azar de a eles estarem, ou ter estado ligados, (99%, pelo menos), as semelhanças ao processo de cada um, provam a verdade no que escrevo.
      Analisar aqui o factor legal, começando por definir o que é editar um livro, e o quanto, o disponibilizar num site, por encomenda, com data de entrega em prazo que vai do perder de vista, ao talvez enviem. Ou que, um processo de edição, atropelado na ordem dos factores, despido de divulgação ou qualquer apoio, e que, uma obra literária, paginada, capeada, não revista, nem sujeita à critica, sendo às livrarias apresentada, possivelmente por email, em pacotes de dez, doze ou catorze; possa ser considerado editar. Não o seria aqui, fazer essa analise, oportuno ou prudente.
      Talvez a seu tempo, seria bom que não, não vendo eu como, num lugar mais privado; perdoem-me os outros, discutiremos esse lado. O jurídico!
      Aqui, agora, a mensagem que pretendo continuar a levar ao "advogado dos pobres", a imprensa, a comunicação social, vai noutro sentido. E isto; na grande vantagem deste "advogado", a de, trabalhando publico, pois é publico que se pretende que seja, sem acordo de confidencialidade ou segredo de justiça, só com a verdade poder trabalhar.
      Aqui, agora, falo do factor humano! Do sonho prometido e friamente destruído. Do trabalho dos autores, quatro anos no meu caso, em horas pós laboral, roubadas à família, aos amigos e a nós mesmos, atrás de um projecto, do sonho. Eu falo do talento perdido que pode, e há, porque eu já o li! E se, o saber escrever, depende de uma resposta que a Chiado precisamente me nega, saber ler eu sei. Com esse talento, com esses autores queimados à nascença, com essas obras de morte anunciada; quem se preocupa?
      Pois é, cá estão eles, os três macaquinhos que inventaram o politicamente correto. Ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém falou!

      Temos as livrarias, que põem imediatamente de lado tudo o que chega da Chiado, indiferentes ao valor que possa ter. Dizem faltar-lhes opinião, crítica, enfim referências. E depois, livros com erros, tem esse "mau feitio", o de trazer queixas, devoluções, perda de clientes. Ficam assim assistindo a pedidos, encomendas não satisfeitas, sem grande empenho, passando a obra a esgotada. Pessoalmente, três vezes em sete meses, estrategicamente, logo após lançamento, a seguir à feira do livro, e assim que surgiram opiniões. -Pergunte ao seu editor quantos livros tem impressos? Se há pedidos, e não são satisfeitos; para nós está esgotado. -Escutei ao balcão da Bertrand. E não é que faz sentido!
     E o livro, mal nasceu, sem culpa pode ter um erro ou dois ou ser "perfeitinho", bom mesmo, quem sabe, e antes de gatinhar, nascido sozinho sem a ajuda da Chiado, que não convida ninguém, não o apresenta a ninguém e no mal anunciado baptizado, fala de si, madrinha vaidosa, em vez do afilhado. E já leva com o primeiro balde de cal! Levado ao júri da máquina registadora a nu, sem adereço, argumento, elogio que o defenda, ostentando mau nome de fábrica, é ignorado. P`ró lado! Para a fabrica, o nome desta forma associado, em nada incomoda. Afinal, não vai a lado nenhum!

     Às outras editoras, é-lhes indiferente que se possa perder cultura, talento assim. Estarão elas isentas de culpa? Fechando-se a novos autores, fazendo umas um concurso publico anual, a maioria nem isso. Não terão elas cavado o terreno para que a Chiado, e sabe-se lá quem mais, plantarem a sua horta. E que horta!? Com meses de cento e muitos lançamentos, a dois mil por cabeça, desculpem; por autor, vender para quê?

A SPA a quem antecipo um pedido de desculpas, se não for justo, e algo já tenham feito ou pretendam fazer, pois que, escutando: -Há pois! Na Chiado é complicado. O Sr. não é o primeiro autor a ter problemas. -pois pudera! Digo eu. Demonstra conhecimento, e como tal, eu algo esperar, de quem sempre escutei, que se pretende ser a maior defensora dos autores. Embora ao que parece, para toda esta gente, arte, talento, cultura, é apenas um modo de ganhar a vida. Daí, talvez no mínimo, um protesto publico pela  utilização por esta empresa, da imagem de Fernando Pessoa. Não perdoes Fernando, porque sabem bem o que fazem! Muito bem escolhida por sinal, inteligentemente. Até porque, e tenho que o reconhecer. Há ali gente com talento!
     O nosso contrato, é disso prova. Há talento! Como não vendemos, não será para editar livros; mas que o há, há!

         O Sr. que respondeu em trinta e seis horas, ( e olha que tinha dez dias), que as tinha passado colado ao original, e nele via grande potencial. Bem escrito! Que depois de muita insistência, aceitou reunir, e de mão estendida, a mim e a minha mulher recebeu com um sorriso. -Tive a sorte de ser seu editor! -Que viajado o Sr., tinha chegado havia pouco do Brasil, e que mais do que o português, (e veja-se que este seria, todos os países de língua oficial portuguesa), via no brasileiro um grande mercado para a obra, e blá, blá, blá, wiskas saquetas. E eu, ingénuo talvez. Pois é, ingénuo, cego pelo sonho, e algo vaidoso, mergulhado na talentosa massagem em que o meu ego se regalava, nada li no exagero do blá, blá, blá, e só escutei o Wiskas saquetas. Talento é talento!
        Faltou ali talvez, digo eu, alguma inteligência, pois começando pela errada classificação de biografia, muito embora claramente baseado em experiência real, está longe de o ser, no sentido em que falamos. Todos afinal o são! Mas o Sr. assim o classificou, e dessa forma, o testemunho de um colega prova hoje, o que cedo comecei a sentir. Que na altura, o Sr., funcionário da Chiado, se do livro algo leu, deve ter sido o titulo. Pois teria nele lido, e os que já me homenagearam com a sua leitura, (sempre grato), mais facilmente entenderão, que não se adivinhava no autor, alguém que facilmente desiste de lutar pelo que acredita. E sabendo a realidade que tinha para oferecer, ter-me-ia dito que não!
        Mas para ele, na falta de uns, outros valores falaram mais alto. E eu acreditei quando me considerou escritor. Na necessidade pessoal e própria de certificar a obra, de porta em porta batendo, sei que sou. Como sei que entre nós a maioria o é. O que valemos? Isso é o que a Chiado nos deve!

       Transformando o sonho, que característicos de gente de bem, crédulos pagámos nós mesmos para o destruir, no pior pesadelo de um autor. O nunca vir a saber o valor do que criou.

     Esse valor, essa resposta deve-nos também as livrarias. Deve-nos o mundo editorial. Apertado, às cotoveladas uns aos outros no curto mercado, queixando-se mesmo do espaço roubado pela Chiado, se algum rouba na pratica, e por eles tornado efémero, quando nele só vêem o lucro rápido, do livro do primeiro, sobre o segundo escrito pelo terceiro, de fuxiquices politicas, vermelho desgraça ou rosa socialite, com certificado de popularidade, em biografias curtas de vida por todos conhecida, todos iguais, "parecidos" ou "semelhantes", trocada a ordem das receitas ou conselhos nutricionais, do tipo pudim de pacote, instantâneo,  rápido de fazer mais rápido de consumir, sem risco e escritos por gente bonita, saudável e elegante, que sabe certamente comer e usar o Word.
       E na fogueira pública com lenha paga por nós, em que a Chiado queima obras e autores, não ocorreu a ninguém se perguntar, que possível talento se está a queimar.
        Acabo como comecei, repetindo, que não acuso a Chiado de nada. Conto o que vivi e vivo, numa relação com a empresa do tipo, em que um, apanha o outro a traí-lo, viu com os próprios olhos e o outro sabe, mas nega. Em que tudo o que escrevi aqui sobre o que penso, julgava ser, me foi dito  e sei, já tive a malograda oportunidade de o dizer  directamente ao Sr. director comercial da Chiado, e cuja vossa experiência colegas, confirma.
      Até porque, e este é o "Admirável Mundo Novo", do nosso tempo, possivelmente para eles, deveríamos estar gratos. Enquanto outros nem nos quiseram ler, eles nem precisaram. Se outros exigiam qualidade, para eles o Word bastou. Paginaram, capearam, proporcionaram um tempinho  no tão visitado e concorrido facebook da empresa. Pedido ao site, se for enviado, dez dias na mesma cidade, (mais, e a culpa é das livrarias). E até temos uma pagina no site, para acreditar no que não vendemos. E tudo isto seja editar, e eu,... eu esteja apenas a ser ingrato?

     Só a divulgação da verdade o poderá esclarecer. E esse é o apelo, o pedido, que fazemos a todos aqueles que trabalhando no quarto poder, tendo na pena, na voz ou na imagem uma arma e na verdade e justiça o objectivo, nos ajudem. E a esses sim, sou e serei sem duvida alguma grato.

 O nosso mais sincero obrigado à Jornalista Rita Pinto Coelho (sapo24).
    pelo artigo de 08 Janeiro 2018 "O Homem Sonha, a Chiado Editora Publica e a Obra Nasce"

      
           V.D.
   
  http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/o-homem-sonha-a-chiado-editora-publica-e-a-obra-nasce

                "Para que os maus vençam, basta que os bons nada façam"

    E que todos aqueles, que lida esta frase, acenem com a cabeça proferido; "...grande verdade..., e depois voltem a por as mãos nas algibeiras, saibam, que a acontecer o dia, em que vitimas dessa grande verdade sejam, comigo querendo, podem contar.  V. D.

                 

     













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               Carta aos órgãos de informação, no intento de levar aos mesmos uma           consciencialização e reflexão sobre a justiça ap...

Não esquecer