“Os vinte Homens mais Ricos do Mundo, tem entre si Um terço do dinheiro Mundial"
“Mais de meio milhão de crianças morre de fome todos os anos em África
Lia-se na primeira página do jornal
do dia, seguro e aberto ao alto pelo pai, de cotovelos apoiados na mesa do
pequeno almoço. Diante dele, cinco, quase seis anos de idade, porque com tão
pouca ainda, uns meses é tempo, o filho, leva a colher com os cereais à boca e
com a outra mão, brinca com oTm. Cansa-se! Desinteressa-se. E distraidamente,
pousa no título do jornal os olhos. Demora-se nele, parece refletir e olha pela
janela da cozinha para o jardim da casa.
-Pai!
Chama ainda pensativo.
-Ho, pai! -Chama de novo, mais assertivamente.
-Diz filhote! Que é? Já terminaste?
-Não pai, ainda não. Escuta pai: Se uns tem muito, muito.
E não precisam de tudo e outros tem pouco, pouquinho e até passam fome. Podiam
uns dar aos outros, ficavam todos um bocadinho ricos e ninguém tinha fome.
O pai fechou o jornal. Dobrou-o, pousando-o na mesa ao
lado da chicara de café que terminara de beber. Ficou e silêncio.
Formado
numa das melhores universidades do mundo. E por duas vezes: primeiro em
economia, depois em informática. Criador de sete, das dez mais vendidas aplicações informáticas de gestão empresarial, e de duas redes sociais. Habituado a ser interpelado com
as mais diversas questões e em sempre fáceis, ficou em silêncio.
Ouvira o comentário do filho, criança chegada à sua vida
já algo tarde, depois do investimento na formação, na carreira, no sucesso, que
atingira cedo, mas atrasando o casamento e a vinda do filho. E ficara
preocupado. A sinceridade que viu no olhar do filho, incomodara-o e deixara-o,
deveras preocupado!
Final poético, idealista, que habita nos corações dos
homens bons, que são pobres:
E esse incomodo, essa preocupação tinha razão de ser.
Fora preciso o espelho franco no olhar do seu filho de cinco anos, quase seis,
para se olhar ele a si mesmo e se questionar: Como pudera ser tão cego, tão
obcecado pelo dinheiro, que não vira o monstro economicista em que se
transformara. Pois mudar-se-ia a si mesmo e no que dependesse de si, ajudaria a
mudar o mundo. Convertendo tudo o que tinha, ou quase, em acção humanitária. E
cada refeição que fizesse chegar a cada criança com fome, cada escola que criasse,
seria o seu legado. E não seria pouco, pois segundo a revista Forbes, ele, não
só era um, como o mais novo desses vinte “…homens mais ricos do mundo.”
Final real:
E esse incomodo, essa preocupação tinha razão de ser.
Imperava tomar mais atenção à educação do filho. Senão, cresceria e com a mania
das igualdades e solidariedades, ainda lhe dizimava a fortuna que tantos e tão
prematuros cabelos brancos lhe trouxera. Quem sabe!? Adere ao Green Peace e dá
tudo para salvar as baleias. E não seria pouco, pois segundo a revista Forbes,
ele, não só era um, como o mais novo desses vinte,” …homens mais ricos do
mundo.”
Baseado numa noticia real: https://www.publico.pt/2019/01/21/economia/noticia/ricos-50-pobres-1858751
E que o Homem no mundo, deixando-me ficar
mal, com diferente realidade chame mentira ao que penso e escrevo neste pequeno texto.
V. D.