“O Mais
Baixo Deficit da …”
O Sr.
Ministro das finanças, Dr. Mário Centeno foi á televisão e todo orgulhoso do
seu trabalho, deu-nos com o mais baixo deficit da historia da Democracia, na
cara.
Bonita vitoria Sr. ministro: “…o
mais baixo deficit da historia da Democracia”.
Ora para que toda a gente entenda,
mesmo os mais simples como eu, o meu ponto de vista, claro, não o do Sr.
ministro, que se pretende sofisticado, técnico e seletivo. Pois outro tipo mais
acessível de linguagem, não ficaria bem a um especialista na matéria, eu, usarei
um exemplo, e nele vestirei a primeira pessoa. E eis como vejo a sua vitoria
Sr. ministro:
Sou agora o chefe de família Mário
Centeno. Um chefe de família à maneira antiga, a lutar para tirar da crise
económica a minha família, que a europa e a crise global, não tendo eu gasto
demais, endividado demais e poupado de menos, provocou. E este ano que passou,
fiz um brilharete. Como?
Não paguei ao mecânico, na farmácia
e no talho e mais um par de fornecedores, pois outros haverá. O carro da mulher
avariou, poupei na revisão e resolve-se para o ano, e também o micro-ondas, que
pouca falta faz e há mesmo quem diga que prejudica a saúde. Faltam substituir
lâmpadas no candeeiro da sala, podendo-se ler de dia, junto à janela se estiver
fosco, e pinga uma torneira na banheira, que um balde pode bem aproveitar para
as plantas ou para a sanita. Bimensal, passaram a ser as idas da mulher ao
cabeleireiro, ao cinema semestral e o dentista passou a bienal e o ano que
passou, foi ano não. Festivais de música, os miúdos tem o yutube, e ferias, com
o Algarve cheio de turistas, sufocante, ficámo-nos por Carcavelos que até dizem
ser a linha de Cascais, a nova Cote de Azur.
Os cento e noventa canais passaram a
quarenta, para quem só vê uns dez, ou doze, … e para quê internet na rua,
havendo, a bem dizer, wi-fi por todo o lado. Aos putos, para que se calassem
com a inflação, o salário mínimo, eu sei lá, …aumentei-lhes a semanada. Mas
pu-los a contribuir, vulgo a descontar, para a conta da água. Afinal tomam
banho…, não!? E às vezes abusam nele. Nada mais justo. E também para a energia,
já que passam o dia a ouvir música, ou a jogar e a mandar mensagens nas redes.
Ainda pensei numa taxa, digo desconto, sobre o pacote de TV. Mas fica para este
ano.
Eu, até aos jogos do clube no ano
que passou, só contra os grandes. Custou-me! Também fiz sacrifícios. Não
troquei de carro, por exemplo, apenas de telemóvel. Mas valeu a pena!
Porque a verdade, é que ao banco até
abati uma das dívidas, e fiquei bem visto, pois nunca se sabe se dele vou
precisar este ano, tenho umas promessas, digo melhoramentos na casa e viagens
prometidas aos miúdos, e quero ver se cumpro qualquer coisita.
Pronto; …está bem, é verdade, tive a
ideia do quarto alugado. Isto é, ou foi, para ser exato, o miúdo enganou-se e
bateu-me à porta a perguntar se alugávamos quartos a estudantes, (sabe Sr.
ministro, cá no prédio quase toda a gente já o faz), e eu que não sou parvo,
lembrei-me do seu exemplo com o turismo e aproveitei. Sem recibo, e a pagar á
parte a água e luz. Maravilha; e é verdade que ajudou. Mas confesso que estou
preocupado, sabe, …é que falam para aí numas residenciais para estudantes, a
bom preço, ali a onde era a feira popular. Invejosos! Não podem ver ninguém a
dar-se bem. Sei que entende, e que tem preocupação parecida com o turismo,
perdoe-me a pretensão. Mas com a pacificação de certas zonas em conflito, do
lado de lá do Mundo, (não que a gente deseje a guerra. Não! Mas se durasse mais
um mandato …), e a América latina a espevitar no mercado. Enfim; você diz que
não, mas eu sei que está preocupado, e não foi como ao outro, um passarinho que
mo disse. Mas sim um hacker meu conhecido.
E tal como consigo, (eu discípulo, o
senhor mestre), em que o povo parece não entender, também a minha família me
olha de cara feia. E não fosse o modelo cá em casa, o de Democracia familiar,
(e juro que não é nenhuma indireta ao governo), em que cada um é livre de fazer
o que quiser, desde que eu deixe, no seu caso, desde que possam, e sinto que
não voltaria a ser eleito chefe de família. Não sei o que lhe diga, …cuidado
talvez, pois o seu modelo é diferente.
E dito, ou escrito isto, digo-lhe
mais; não é motivo como vê, para andar para aí a se vangloriar, Sr. ministro.
Pois não fez mais do que o básico truque de ilusionismo, no caso de economia,
movendo o objecto, leia-se dinheiro, e mostrando no processo o que quis, para
nos distrair, do que escondeu não querendo que víssemos.
Parece
que vimos!
Ou
é mau ilusionista das finanças, ou talvez sejamos mais inteligentes do que
julgava.
Gostaria de terminar desejando-lhe
sucesso profissional. O que faria, não sentisse eu, que o mesmo me sai do
bolso.
Bem-haja; longe de nós
Cidadão comum
Vicente Delmar